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Me chamo Michele Servadio e estas são as minhas tatuagens.

Segunda parte da conversa entre Brody Polinsky e Michele Servadio: Michele entrevistado por Brody.

Leia a PARTE 1 aqui.

Aonde você mora, Michele?

Londres.

Você tem alguma ideia de qual seria o seu estilo?

Eu não gostaria que meu estilo fosse chamado de blackwork, mas... eu não sei, é algo espontâneo e texturizado, não é detalhado, é texturizado.

Quando você começou a tatuar?

Há cerca de oito anos atrás (2008).

Você tem uma lista de espera?

Não (ambos riem), não tenho lista de espera, mas tenho uma longa lista de coisas a fazer, então faço as pessoas esperarem, mesmo não tendo lista de espera.

Você tem um valor por hora?

Por hora... hum... não.

Você poderia estimar.

Eu poderia fazer uma estimativa, mas acho que vou de acordo com a o desenho.

Você tem uma palavra que melhor descreveria suas tatuagens?

Hum…. não, só uma palavra não.

Como você aprendeu a tatuar?

Sozinho, não fiz nenhum estágio, apenas arruinei a pele de muitos amigos, ou apenas tinha muitos bons amigos para aprender tatuando neles.

Qual é a sua ideia de arte?

Essa é uma pergunta muito ampla que levaria muito tempo.

Quem mais te influencia?

Em termos de tatuagens?

Qualquer coisa, eu acho.

Influencia… o ambiente, o ambiente que me rodeia, o lugar aonde vivo e as pessoas com quem divido o meu tempo ou me dão ideias para desenhar na pele ou na tela, ou no papel, ou… onde quer que seja.

Conte-nos um pouco sobre como é um dia típico seu.

O dia típico... o dia típico é acordar, ir para o meu estúdio e ver o que fazer. Existem muitas atividades envolvidas, então, se eu tiver um compromisso, me concentro nisso e antes ou depois faço o que for necessário para os outros projetos que tenho: edições, ou pinturas, ou impressões, ou seja lá o que for.

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Algum momento mais marcante em sua vida ou carreira?

Sim. A virada foi quando comecei a publicar meu trabalho porque antes, acho que há 3 ou 4 anos, eu não publicava meu trabalho, apenas o matinha entre as pessoas conhecidas. Então mudei radicalmente de ideia quando me ofereceram a oportunidade de trabalhar com pessoas que eu realmente respeitava.

E foi no AKA London.

Foi no AKA London.

Existem aplicativos, softwares ou mesmo ferramentas que você não poderia viver sem?

Amo o conceito, a ideia de viver sem nada, sabe? Nem mesmo uma casa ou qualquer coisa, mas em termos do que eu realmente preciso para ter o trabalho feito, bem, acho que estamos muito limitados ao Instagram, como aplicativo e software... bom, e talvez meu laptop para as fotos.

E também essa prensa incrível que você tem.

Sim, a prensa de gravura é uma nova adição muito interessante no estúdio. Temos esta prensa de gravura que podemos imprimir até 50x70 e nela criamos muitas obras de arte em colaboração com os artistas convidados no estúdio.

Como é o estúdio?

O conceito de estúdio, enfim, antes de mais nada é um espaço privado, não é uma loja de rua, é um atelier de experimentação onde gravuras, pinturas e tatuagens, estão muito próximas umas das outras e se influenciam constantemente, e é isso que gosto de fazer com os convidados que vão chegando, de motivá-los, de experimentar com a tatuagem.

Como você organiza seu calendário de trabalho? Diariamente? Ou você nem se importa? Você apenas improvisa, não é?

Eu apenas improviso. Gosto de organizar, mas é uma luta, o mais difícil é organizar.

Você tem alguma técnica, truque ou segredo relacionado à tatuagem que possa compartilhar com as pessoas?

Por que não compartilhar meus segredos? Quer dizer, não são segredos, não sei... Truques? Sim, diminua a rotação da máquina (risos), diminua a rotação. Sim, diminua sua rotação, isso é um truque.

Existe alguma coisa que faz você se destacar dos demais? Pode ser relacionado a tatuagem ou não… Eu acho que você sendo humilde, você deveria responder…

Eu não posso responder, talvez você possa responder isso por mim.

A pessoa mais humilde e inspiradora que conheço. Essa é a minha resposta. Como você vê o mundo da tatuagem daqui a uma década?

Daqui a uma década, acredito que haverá fragmentação, e será privatizada em termos de, apesar dos estúdios de tatuagem, migrar para um ambiente privado e será misturada com outras técnicas apesar de todo a atenção em torno da tatuagem hoje em dia.

E como você se vê daqui a uma década?

Não sei. Fora de Londres.

Eu vejo você estando em algum lugar mais quente.

Sim (risos).

Que livro você está lendo no momento?

Boa pergunta. Não, eu não estou lendo nenhum livro. Eu estava lendo um livro, mas não vou dizer qual. E parei de ler (risos).

Como você faz para recarregar suas baterias?

Na verdade, não estou recarregando minhas baterias e é algo que devo fazer. Andar de skate quando tenho tempo, ver uns amigos, não fazer nada... tentar não estar no estúdio é recarregar minhas baterias. Mas é amor e ódio, porque adoro estar aqui e adoro fazer as coisas, tenho a sensação de que estou me energizando quando trabalho, então você percebe que precisa parar um pouco, senão você pira.

Qual é o melhor conselho que você já recebeu?

Não sei dizer qual é o melhor, mas me deram um bom: não faça coisas somente dentro do seu círculo de amigos, porque todos eles já entendem mais ou menos o que você faz, então vire-se para o outro lado, pegue todo o seu conhecimento e as coisas especiais que você compartilha com seus poucos amigos, e comece a falar uma língua que seja compreensível por todos os outros. Faz sentido?

Muito. Se você pudesse ser tatuado por qualquer artista vivo ou não, quem você escolheria? O que você faria?

Eu voltaria no tempo, sim...

Egon (Schiele)?

Egon… Não, Modigliani, eu acho, mais do que Egon. Egon… diferente, nós pintaríamos juntos (ambos riem). De Modigliani eu faria uma tatuagem. Talvez ele tatuasse, sabe?

Sim... furando pessoas. Quem você sugeriria que também fizesse essa entrevista? Em quem você tem interesse?

Haha... quem... talvez alguém...

Timor?

Timor. Sim, Timor é uma boa.

Timor, Paolo...

Timor, Paolo... ok, vamos fazer uma lista. Timor com certeza, Paolo Bosson, David com certeza ...

Scheisser

Glue Sniffer, porque Glue é um ser humano muito, muito especial. Sim, acho que esse povo...

Talley

TalleyTalley é outro. Porque todas essas pessoas têm uma alma muito visível, dá para sentir e, além das tatuagens ou qualquer outra coisa, são pessoas muito inspiradoras.

Há algo que você gostaria de acrescentar que pode ser interessante para as pessoas?

(Pensa) Está bom. Quer dizer, poderíamos falar sobre muitas, muitas, muitas outras coisas.

Sim, poderíamos.

Poderíamos. Tipo ... hum ... (pensa) Não, já está bom. Obrigado. Muito obrigado.

Entrevista número V da série de entrevistas "Estas são as minhas tatuagens".

A série "Estas são as minhas tatuagens" pede aos melhores tatuadores para compartilhar como eles tatuam. A cada poucos dias, apresentaremos um novo tatuador e os espaços de trabalho, rotinas, ferramentas, aplicativos, dicas e truques que eles usam. Tem alguém que você gostaria de ver em destaque ou perguntas que acha que devemos fazer? Envie-nos um email para info@tattoofilter.com.

A série de entrevistas "Estas são as minhas tatuagens" é inspirada na série How I Work do Lifehacker.

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